Nacionalismo: o que é, como surgiu, características
Analisamos fatos contemporâneos que mostram o nacionalismo voltando à moda e também veremos suas origens, características e presença na história.
Valores como nacionalismo não são novos: datam no início do século XIX, tendo surgido na Europa e cujos valores foram adotados em todo o globo em diversos momentos históricos.
Neste texto, vamos explicar o que é o nacionalismo e como essa ideologia está presente no mundo atual.
O que é nacionalismo?
O nacionalismo é uma ideologia política, uma corrente de pensamento, que valoriza todas as características de uma nação. Uma das formas pelas quais o nacionalismo se expressa é por meio do patriotismo, que envolve a utilização dos símbolos nacionais, da bandeira, de cantar o hino nacional, etc.
Você já reparou que o hino nacional de países diferentes têm elementos muito similares? A letra costuma ressaltar as belezas naturais do país, a sua cultura, a coragem do povo, exalta figuras históricas, faz referência a lutas armadas – exemplos disso são os hinos brasileiro, estadunidense e francês, originados em países bastante diferentes, mas cujos hinos se assemelham.
A ideologia do nacionalismo provém desse sentimento de pertencimento à cultura de um país e de identificação com a pátria, tendo um quê mais político.
Um dos ideais nacionalistas é a preservação da nação, a defesa de territórios e fronteiras, assim como a manutenção do idioma, as manifestações culturais, opondo-se a todos os processos que possam destruir essa identidade ou transformá-la.
Existem formas mais extremas de demonstrar esse sentimento nacionalista, que é o ultranacionalismo e/ou o ufanismo, que explicaremos mais adiante.
Como surgiu o nacionalismo?
Depois da consolidação dos ideais iluministas na França, que valorizavam a ciência e a racionalidade em vez da religião e da espiritualidade, no início do século XIX a população francesa passou a rejeitar o Estado absolutista e monárquico que vigorava em seu país.
Por isso, começaram a buscar um governo democrático, em que fossem destacados os ideais democráticos e em que houvesse participação dos cidadãos em primeiro lugar, não de um rei.
Esses valores se espalharam pelo continente europeu e chegaram a países que ainda não estavam consolidados como Estados-nação, como a Itália, a Alemanha, a Bulgária, a Noruega e a Albânia.
O historiador Eric Hobsbawm reflete que o nacionalismo despertava um sentimento comum a todas as pessoas que se identificavam com sua nação e poderiam ser mobilizados a explorar esse sentimento com finalidades políticas.
A unificação alemã e a unificação italiana – a Alemanha e a Itália ainda não eram países consolidados em meados do século XIX – foram diretamente influenciadas pelos valores nacionalistas, na busca de uma identidade nacional e da formação de uma nação.
Como veremos adiante, o nacionalismo influenciou movimentos extremistas, como o regime nazista na Alemanha, o fascismo na Itália e no Japão.
Veja também nosso vídeo sobre o que é nacionalismo!
Qual a diferença entre nacionalismo e patriotismo?
Embora as duas ideias se sejam similares no discurso político contemporâneo, elas se diferem do ponto de vista histórico.
O termo nacionalismo aparece pela primeira vez no final do século XVIII e ganha força no século XIX, tendo bastante relação com o romantismo e com a consolidação do Estado-nação.
Já o termo patriotismo possui uma longa história. O patriotismo foi pensado pelos iluministas como um sentimento de amor e valorização da própria terra, porém sem ambições de dominação.
Na Revolução Francesa, por exemplo, uma ideia diferente de nacionalismo ganhou força. A primeira vez que o termo foi usado, foi como um insulto, justamente por incentivar um sentimento de superioridade e um suposto ódio ao estrangeiro, em nome do povo e da vontade geral.
Naquele contexto, nacionalismo era o oposto do patriotismo, pois se associava a um amor cego ao Estado e ao ódio aos estrangeiros.
O que é ufanismo?
O nacionalismo exacerbado ou exagerado pode ser chamado de ufanismo e acontece quando um político, uma cultura, a população de um país tem orgulho excessivo de seu país, o que normalmente leva a medidas também extremas.
Normalmente é guiado pelo autoritarismo e esforços para a proibição, expulsão e opressão a imigrantes. Além disso, é comum a criação de inimigos externos ao país – reais ou não –, esforços militares – convocação da população a agir militarmente, alistar-se e servir ao serviço –, muita propaganda, entre outros artifícios.
Uma das principais consequências desse sentimento nacionalista exagerado é o sentimento de superioridade da sua cultura e do seu país frente a outros. Isso gera grandes problemas de embates interiores ao país, como racismo, xenofobia e discriminação com imigrantes, por exemplo.
Confira um dos casos mais clássicos já existentes de nacionalismo exagerado:
Nazismo na Alemanha
O nacionalismo na Alemanha foi fomentado desde a formação do Estado, durante a sua unificação, que ocorreu em 1815, a fim de criar uma identidade e um território próprio.
O nazismo foi uma maneira extrema e exacerbada de manifestar ideias nacionalistas, que resultou em ideias antissemitas – de oposição aos judeus, o que causou o Holocausto – e de superioridade racial – acreditavam e pregavam a supremacia branca do que chamavam de raça ariana, os germânicos.
O movimento tinha como objetivo criar uma sociedade homogênea e inteiramente alemã, excluindo da sua formação os “estrangeiros”, ao mesmo tempo em que buscava unidade nacional e tradicionalismo.
Esse é um dos casos mais clássicos ao se tratar do nacionalismo exacerbado, pois envolve discriminação racial, xenofobia e o totalitarismo, já que o regime era muito autoritário e havia a ideia de que Adolf Hitler, precursor do nazismo alemão, deveria governar tudo e todos.
Além disso, houve o uso do nacionalismo a fim de gerar rivalidade com outros países, como se eles fossem uma ameaça à unidade da nação alemã: quando o povo se une contra um inimigo externo, isso intensifica ainda mais o sentimento de pertencimento e o nacionalismo.
O que foi o nacionalismo no Brasil?
O nacionalismo no Brasil está diretamente relacionado ao período de governo de Getúlio Vargas, principalmente no período da ditadura do Estado Novo, quando era presidente no Brasil. O Estado Novo foi de 1937 a 1945 e tinha como principais características o anticomunismo, o autoritarismo e o nacionalismo.
Vargas incentivava o nacionalismo de diversas formas, desde a implementação de políticas populistas, a utilização de propaganda do seu governo, a extrema valorização do território brasileiro. Economicamente, ele optou por fortalecer – em muitos casos até criar – a economia brasileira, ao diversificar a sua gama de atuação e se fechar para as importações. Também criou grandes empresas estatais no país, como a Petrobras, a Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional
Ditadura militar e propagandas nacionalistas
Durante o regime militar brasileiro, o nacionalismo também foi bastante incentivado por meio de campanhas ufanistas para conquistar simpatia da população. Assim, surgiram os slogans “Ninguém segura este país” e “Brasil, ame-o ou deixe-o”, além das músicas com refrão “Eu te amo, meu Brasil, eu te amo; ninguém segura a juventude do Brasil”, “Este é um país que vai pra frente (…)”.
O hino da Copa de 1970 era cantado pelo país: “noventa milhões em ação, para frente, Brasil do meu coração (…) Salve a seleção”. A ideia era a de contagiar a população em torno de um mesmo objetivo: amar a sua nação. E deu certo, pois a vitória da Seleção Brasileira Masculina de Futebol, na primeira transmissão ao vivo de uma Copa do Mundo, levou grande parte do país às ruas para cantar versinhos patrióticos, o que foi uma grande vitória para a ditadura militar.
O nacionalismo está presente no mundo contemporâneo?
O nacionalismo que vemos hoje nas democracias consolidadas é muito diferente daquele da Alemanha nazista e do Brasil dos anos 1930. Afinal, o mundo está muito diferente.
Não tão presente no culto aos símbolos, como o hino e a bandeira, o nacionalismo contemporâneo traz um pano de fundo étnico, relacionado à crise de refugiados, que buscam abrigo em outros países, por exemplo.
Em alguns países, há vontade de não os ter em seu próprio território, o “medo” que isso acabe com a cultura do povo de algum lugar e influencie negativamente na preservação de suas tradições, tal qual o antigo nacionalismo.
Como reflexo, muitos países recebem os refugiados, havendo possibilidade da população ser contra essa política e outros sequer abrem suas fronteiras frente a essa crise humanitária.
Em resumo, uma política nacionalista compreende a vontade de manter uma unificação nacional, um culto à tradição, à cultura do país e de seu povo.
E aí, entendeu o que é o nacionalismo? Deixe suas dúvidas e opinião nos comentários!
Publicado oficialmente em 14/06/2017, atualizado em 22/01/2025.
Referências:
- Ad – News – A propaganda e a ditadura militar
- Brasil Escola – Nacionalismo
- Caderno do ENEM – Nacionalismo
- Estadão – A ameaça nacionalista: por que o nacionalismo excludente se fortalece no mundo inteiro?
- História do mundo – Nacionalismo
- InfoEscola – Nacionalismo
- Mundo Educação – Nacionalismo
- Nexo – O que é patriotismo e nacionalismo, segundo este historiador
- Significados – Nacionalismo
- Wikipedia – Estado Novo
Qual a Sua Reação?