Facto internacional de 2024

  QUEDA DA DINASTIA ASSAD NA SÍRIA Uma das mais ferozes ditaduras do Médio Oriente, que oprimia a Síria desde 1971, ruiu como um castelo de cartas em poucas semanas. Pondo termo à dinastia do clã Assad, iniciada com o pai Hafez (até 2000) e prosseguida pelo filho Bachar (de então para cá). A derrocada foi tão grande que até a bandeira do país mudou. Quando caiu o "carniceiro de Damasco", como muitos lhe chamavam, virou-se uma página trágica neste país, mergulhado desde 2011 numa violenta guerra civil. Recordo que foi este o facto além-fronteiras que em 2013 destacámos no DELITO.  Onze anos depois, a Síria volta a estar aqui em foco. Como Acontecimento internacional de 2024: foi escolha de oito membros do DELITO.  Mas desta vez por bons motivos: a 8 de Dezembro o tirano pôs-se em fuga, já com parte da capital tomada pelas forças rebeldes, e procurou asilo em Moscovo, junto do seu protector Vladimir Putin. A Rússia registava assim uma evidente derrota estratégica na região, somada à óbvia perda de influência do seu aliado Irão, enquanto Israel e a Turquia marcavam pontos. Nos dias imediatos o mundo foi tomando conhecimento detalhado de grande parte das atrocidades cometidas durante um quarto de século pelo agora fugitivo Assad, que transformou a Síria num Estado totalitário sempre pronto a perseguir e esmagar todas as vozes dissidentes. Com tortura e a eliminação de largos milhares de presos políticos, violação sistemática dos direitos humanos e um sangrento rasto de 580 mil mortos, incluindo mais de 300 mil civis, na esmagadora maioria vitimados pelas brigadas bélicas do regime. Que não hesitaram sequer em utilizar armas químicas contra a população, conforme foi denunciado pela ONU e pelo Observatório de Direitos Humanos, entre outras organizações de cariz humanitário.   Que mais? Com dois votos: - Conflito sem fim no Médio Oriente. - Donald Trump eleito para novo mandato, quatro anos após deixar a Casa Branca. - Dramática degradação de Moçambique após fraude eleitoral. «Situação reveladora da incapacidade de Portugal em lidar com clareza e decididamente com os PALOPs», anotou um dos participantes nesta votação. - Cheias de Novembro em Valência, provocando mais de 220 mortos em poucas horas. Facto arrepiante. «A natureza indomável e os autarcas relapsos criaram a tragédia perfeita para centenas de pessoas.» - Expansão da inteligência artificial. Comentário a destacar: «Dentro de uns anos não nos lembraremos de como era viver sem ela, para o melhor e para o pior.»   Com apenas um voto: - Visita de Joe Biden a Angola. - Bombardeamento sistemático da população civil em Gaza, «uma vergonha da humanidade e um crime de que somos coniventes.» E mais este: - «A instabilidade que, de diversas formas, parece alastrar pelo mundo.»   Como sempre acontece, cada autor é livre de participar ou não na votação - este ano fomos 18. E temos também a liberdade de escolher mais de um tópico em cada bloco temático.   Facto internacional de 2010: revelações da Wikileaks Facto internacional de 2011: revoltas no mundo árabe Facto internacional de 2013: guerra civil na Síria Facto internacional de 2014: o terror do "Estado Islâmico" Facto internacional de 2015: a crise dos refugiados Facto internacional de 2016: Brexit Facto internacional de 2017: crise separatista na Catalunha Facto internacional de 2018: movimento #MeToo Facto internacional de 2019: sublevação popular em Hong Kong Facto internacional de 2020: pandemia de Covid-19 Facto internacional de 2021: assalto ao Capitólio nos EUA Facto internacional de 2022: agressão russa à Ucrânia Facto internacional de 2023: terrorismo do Hamas e violenta réplica de Israel

Jan 16, 2025 - 23:29
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Facto internacional de 2024

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QUEDA DA DINASTIA ASSAD NA SÍRIA

Uma das mais ferozes ditaduras do Médio Oriente, que oprimia a Síria desde 1971, ruiu como um castelo de cartas em poucas semanas. Pondo termo à dinastia do clã Assad, iniciada com o pai Hafez (até 2000) e prosseguida pelo filho Bachar (de então para cá). A derrocada foi tão grande que até a bandeira do país mudou.

Quando caiu o "carniceiro de Damasco", como muitos lhe chamavam, virou-se uma página trágica neste país, mergulhado desde 2011 numa violenta guerra civil. Recordo que foi este o facto além-fronteiras que em 2013 destacámos no DELITO. 

Onze anos depois, a Síria volta a estar aqui em foco. Como Acontecimento internacional de 2024: foi escolha de oito membros do DELITO.  Mas desta vez por bons motivos: a 8 de Dezembro o tirano pôs-se em fuga, já com parte da capital tomada pelas forças rebeldes, e procurou asilo em Moscovo, junto do seu protector Vladimir Putin. A Rússia registava assim uma evidente derrota estratégica na região, somada à óbvia perda de influência do seu aliado Irão, enquanto Israel e a Turquia marcavam pontos.

Nos dias imediatos o mundo foi tomando conhecimento detalhado de grande parte das atrocidades cometidas durante um quarto de século pelo agora fugitivo Assad, que transformou a Síria num Estado totalitário sempre pronto a perseguir e esmagar todas as vozes dissidentes. Com tortura e a eliminação de largos milhares de presos políticos, violação sistemática dos direitos humanos e um sangrento rasto de 580 mil mortos, incluindo mais de 300 mil civis, na esmagadora maioria vitimados pelas brigadas bélicas do regime. Que não hesitaram sequer em utilizar armas químicas contra a população, conforme foi denunciado pela ONU e pelo Observatório de Direitos Humanos, entre outras organizações de cariz humanitário.

 

Que mais?

Com dois votos:

- Conflito sem fim no Médio Oriente.

- Donald Trump eleito para novo mandato, quatro anos após deixar a Casa Branca.

Dramática degradação de Moçambique após fraude eleitoral. «Situação reveladora da incapacidade de Portugal em lidar com clareza e decididamente com os PALOPs», anotou um dos participantes nesta votação.

Cheias de Novembro em Valência, provocando mais de 220 mortos em poucas horas. Facto arrepiante. «A natureza indomável e os autarcas relapsos criaram a tragédia perfeita para centenas de pessoas.»

Expansão da inteligência artificial. Comentário a destacar: «Dentro de uns anos não nos lembraremos de como era viver sem ela, para o melhor e para o pior.»

 

Com apenas um voto:

- Visita de Joe Biden a Angola.

- Bombardeamento sistemático da população civil em Gaza, «uma vergonha da humanidade e um crime de que somos coniventes.»

E mais este:

- «A instabilidade que, de diversas formas, parece alastrar pelo mundo.»

 

Como sempre acontece, cada autor é livre de participar ou não na votação - este ano fomos 18. E temos também a liberdade de escolher mais de um tópico em cada bloco temático.

 

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