Aliados de Lula citam mantra Galvão Bueno e querem 'Lula dos palanques' no digital

Integrantes do governo e do PT evocam mantra do futebol, ''vai se criando um clima terrível'', para pressionar por mudanças urgentes após a crise do PIX e evitar que cenário se agrave a dois anos da eleição. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia em homenagem aos 150 de nascimento de Alberto Santos Dumont, patrono da Aeronáutica e considerado o Pai da Aviação, em 20/07/2023. Marcelo Camargo/Agência Brasil "Vai se criando um clima terrível", diz Galvão Bueno no futebol — mas vale para a política. O mantra tem sido evocado por aliados de Lula nos últimos dias, após o governo se deparar com a pior crise enfrentada desde o seu início. Muitos tentam atribuir a uma falha de comunicação — mas não foi isso. Nem do estagiário. Foi um erro político. E de gente grande.  Não existe mais medida burocrática ou inofensiva num mundo super vigiado e que exige explicação detalhada, seja no reels, em um story de 15 segundos ou numa postagem no X (antigo Twitter).  Há muitas divergências no governo sobre a normativa da Receita Federal e sobre se era melhor ter recuado ou não. O novo ministro de Lula (PT), Sidônio Palmeira, encerrou a discussão ao defender que era preciso matar o problema na origem. E assim foi feito. A partir de agora, a ideia é alinhar a comunicação dos ministérios com a Secom (Secretaria de Comunicação Social). Antes de uma decisão, procurar a secretaria e discutir a estratégia de informe ao público. Mas essa é só uma parte da lavagem de roupa do governo. A outra é o reconhecimento de que o governo é analógico, mas tem potencial para se tornar digital, pois tem um produto carismático, comunicativo e que fala a linguagem do povo: o presidente Lula. O presidente é um personagem que precisa ser convencido de que o uso de redes sociais — e não mais o palanque ou discursos intermináveis em lançamentos de obras — tem mais efeito e capilaridade nos dias de hoje. Usar as redes sociais como um instrumento incorporado ao cotidiano e não como corpo estranho ou posado. Nas palavras de um dos auxiliares mais próximos do presidente, quem precisa tomar as rédeas da estratégia é Lula. ''É Lula quem tem que falar. É o comandante. É muito bom de palanque, mas não de rede social. Estamos pensando formatos". No governo, a ideia é turbinar o monitoramento de redes para captar a percepção das pessoas e transformar em ações do governo com Lula à frente. Hoje, explicam assessores, não há consequência direta desse monitoramento.  O governo busca formatos para aproximar o presidente do meio digital — e tem pressa. Apesar de negar oficialmente, a campanha para as eleições de 2026 foi antecipada e a construção desse personagem à moda ''Lula do TikTok'' já começou. É para ontem nas mãos de estrategistas. Empoderar Haddad A ala mais pragmática do governo defende que Lula sinalize com um novo ajuste fiscal em breve, pois do jeito que está, o Planalto esvazia o ministro da Fazenda, que acaba ficando sozinho na briga pela saúde das contas públicas. Como Haddad é o principal nome de sucessão de Lula, petistas aliados ao ministro defendem que ele seja empoderado por Lula e que haja algum gesto de transição, mesmo que seja visando 2030, e que tenha início em breve para evitar que a esquerda esteja em guerra em 2026 com o tema enquanto na direita nomes de proliferam.

Jan 20, 2025 - 13:40
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Aliados de Lula citam mantra Galvão Bueno e querem 'Lula dos palanques' no digital

Integrantes do governo e do PT evocam mantra do futebol, ''vai se criando um clima terrível'', para pressionar por mudanças urgentes após a crise do PIX e evitar que cenário se agrave a dois anos da eleição. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia em homenagem aos 150 de nascimento de Alberto Santos Dumont, patrono da Aeronáutica e considerado o Pai da Aviação, em 20/07/2023. Marcelo Camargo/Agência Brasil "Vai se criando um clima terrível", diz Galvão Bueno no futebol — mas vale para a política. O mantra tem sido evocado por aliados de Lula nos últimos dias, após o governo se deparar com a pior crise enfrentada desde o seu início. Muitos tentam atribuir a uma falha de comunicação — mas não foi isso. Nem do estagiário. Foi um erro político. E de gente grande.  Não existe mais medida burocrática ou inofensiva num mundo super vigiado e que exige explicação detalhada, seja no reels, em um story de 15 segundos ou numa postagem no X (antigo Twitter).  Há muitas divergências no governo sobre a normativa da Receita Federal e sobre se era melhor ter recuado ou não. O novo ministro de Lula (PT), Sidônio Palmeira, encerrou a discussão ao defender que era preciso matar o problema na origem. E assim foi feito. A partir de agora, a ideia é alinhar a comunicação dos ministérios com a Secom (Secretaria de Comunicação Social). Antes de uma decisão, procurar a secretaria e discutir a estratégia de informe ao público. Mas essa é só uma parte da lavagem de roupa do governo. A outra é o reconhecimento de que o governo é analógico, mas tem potencial para se tornar digital, pois tem um produto carismático, comunicativo e que fala a linguagem do povo: o presidente Lula. O presidente é um personagem que precisa ser convencido de que o uso de redes sociais — e não mais o palanque ou discursos intermináveis em lançamentos de obras — tem mais efeito e capilaridade nos dias de hoje. Usar as redes sociais como um instrumento incorporado ao cotidiano e não como corpo estranho ou posado. Nas palavras de um dos auxiliares mais próximos do presidente, quem precisa tomar as rédeas da estratégia é Lula. ''É Lula quem tem que falar. É o comandante. É muito bom de palanque, mas não de rede social. Estamos pensando formatos". No governo, a ideia é turbinar o monitoramento de redes para captar a percepção das pessoas e transformar em ações do governo com Lula à frente. Hoje, explicam assessores, não há consequência direta desse monitoramento.  O governo busca formatos para aproximar o presidente do meio digital — e tem pressa. Apesar de negar oficialmente, a campanha para as eleições de 2026 foi antecipada e a construção desse personagem à moda ''Lula do TikTok'' já começou. É para ontem nas mãos de estrategistas. Empoderar Haddad A ala mais pragmática do governo defende que Lula sinalize com um novo ajuste fiscal em breve, pois do jeito que está, o Planalto esvazia o ministro da Fazenda, que acaba ficando sozinho na briga pela saúde das contas públicas. Como Haddad é o principal nome de sucessão de Lula, petistas aliados ao ministro defendem que ele seja empoderado por Lula e que haja algum gesto de transição, mesmo que seja visando 2030, e que tenha início em breve para evitar que a esquerda esteja em guerra em 2026 com o tema enquanto na direita nomes de proliferam.

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